Nos últimos anos, o Instagram se consolidou como a principal vitrine digital para negócios, influenciadores e comunidades. Perfis que começaram como espaços de expressão pessoal se transformaram em empresas bem estruturadas, movimentando economias locais, gerando empregos e influenciando comportamentos. No entanto, por trás dessa potência, existe um ponto frágil e alarmante: a conta não é sua, é da Meta.
A qualquer momento, sem aviso prévio e sem justificativa clara, perfis com milhares de seguidores e anos de dedicação podem ser derrubados. O que deveria ser uma rede de construção coletiva e de oportunidades se transforma em uma relação desigual, marcada por regras obscuras, instabilidade e insegurança para quem depende da plataforma.

O jornalista André Cunha, proprietário do Hiperconectados — perfil de ativismo negro e de notícias variadas — viveu essa experiência na pele. Após conquistar mais de 200 mil seguidores, sua conta passou a perder alcance e seguidores mês após mês, especialmente a cada atualização da plataforma. Até que, de forma definitiva, o perfil foi derrubado.
“Com as questões políticas no Brasil, a regulamentação se faz necessária. Quando os fatos acontecem, a Meta fecha as portas aos usuários para contestações sobre os cancelamentos de perfil. Enfim, praticidade ou perda de tempo?”, questiona.


Relatos como esse se repetem em diferentes áreas e expõem uma realidade incômoda: se por um lado o Instagram é indispensável para a visibilidade e o crescimento de marcas e vozes, por outro, revela sua face mais dura — a de uma empresa privada que, sob seus próprios critérios, pode cancelar narrativas, silenciar comunidades e inviabilizar negócios inteiros.
Falta transparência, clareza nas regras e respeito com os usuários que sustentam a plataforma. O que está em jogo não são apenas números de seguidores, mas histórias, culturas e economias inteiras que se perdem quando um perfil é apagado.
Enquanto não houver uma mudança estrutural nessa relação, todos os que constroem no digital precisam ter em mente: você não é dono da sua conta, e a qualquer momento ela pode deixar de existir.












