Centro Histórico de Salvador: o novo centro de convenções como força de revitalização

Com a chancela tutelares do Iphan e da Unesco, o legado arquitetônico do Palácio Thomé de Souza tem agora uma nova missão: transformar-se, junto à Praça Municipal, num centro de convenções moderno, capaz de abrigar até 1.600 pessoas dividido em salas de 1.000 e 600 lugares.

Uma intervenção simbólica e necessária



Esse projeto representa muito mais do que um equipamento para eventos — é uma resposta urbana e cultural a décadas de abandono e dispersão do palco político e social da cidade. Há um certo paradoxo no fato de que o traçado colonial e o coração simbólico de Salvador, tão ativo em outras épocas, permaneça discreto no dinamismo contemporâneo da cidade.

Revitalizar esse espaço através de uma proposta arquitetônica contemporânea — e não retrofetiva ou decorativa — é uma escolha estética que também fala de respeito à memória, ao patrimônio e à cidade em movimento.


Impactos além da arquitetura

Instalar um centro de convenções no centro antigo não responde apenas ao vazio simbólico; é uma estratégia que estimula o turismo de negócios, fortalece o comércio local, movimenta a rede hoteleira e devolve protagonismo a uma área que clama por atenção. A circulação de seminaristas, palestrantes e participantes é combustível para cafés, lojas, restaurantes e transporte público.

Fotos de Alisson Marinho


Como disse a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira, Tânia Scofield, “é um equipamento super importante para o Centro Histórico, porque ele leva um número grande de pessoas, um fluxo grande… que dinamiza o Centro Histórico”.

Mais um centro para uma cidade plurifacetada

Alguns analistas, como o publicitário Nizan Guanaes, enxergam o novo equipamento como um “gol de placa” para Salvador onde um equipamento complementa o outro. Afinal, o centro de convenções existente na Boca do Rio já reposicionou a cidade no mapa dos eventos regionais  . Esta nova estrutura, integrada ao Centro Histórico, vem somar e qualificar, não disputar.


Desafios multiplicados

O projeto está, ainda, na fase de envio de propostas ao Iphan, com obras previstas para começarem no segundo semestre de 2026. É essencial, nesse tempo, que a gestão municipal mantenha o compromisso com transparência e envolvimento da comunidade, equilibrando intervenções contemporâneas com a preservação das características históricas. É nesse diálogo que habita o verdadeiro potencial transformador da obra.

Reflexão final

No fundo, o centro de convenções no Centro Histórico é uma metáfora: fala do reencontro de Salvador consigo mesma, do resgate de sua vitalidade pública e do uso inteligente do passado como força motriz para o futuro. Ao dar vida a esse lugar com fluxo de pessoas, intenções e projetos, a cidade escreve uma nova página de pertencimento, cultura e desenvolvimento sem jamais perder o espírito ancestral que pulsa sob o casario tombado.




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