Salvador, berço da cultura afro-brasileira, ganhou em novembro de 2023 um novo espaço onde gastronomia, memória e ancestralidade se encontram. A Mímu Cafeteria, inaugurada no piso térreo do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), é mais do que um café: é um projeto coletivo feminino e preto que simboliza a força do afroempreendedorismo e o poder da transmissão de saberes de mãe para filhas.
Gerida por Lisandra Vasconcelos, Lucineide Tavares e Natália Vasconcelos, a cafeteria nasceu da vontade de transformar o cotidiano em experiência afetiva e cultural, conectando sabores à história. Com mais de 30 itens no cardápio — alguns inspirados na exposição Um Defeito de Cor – Itinerância Salvador —, a Mímu propõe um diálogo entre a arte e a gastronomia, unindo tradição e inovação.
O significado do nome
Na língua iorubá, “Mímu” significa “bebida”. Mas, além da tradução literal, a sonoridade da palavra evoca carinho, acolhimento e a afetividade que permeia cada detalhe do espaço. A cafeteria nasce, assim, como lugar de encontro e partilha, onde visitantes podem saborear cafés, lanches e delícias inspiradas na cultura afro-diaspórica.
Gestão coletiva e empoderamento
O grande diferencial da Mímu está na gestão coletiva e feminina, conduzida por mulheres negras que transformam o ato de empreender em resistência e construção de futuro. Essa escolha reafirma um princípio: o empreendedorismo negro é também ferramenta de emancipação, afirmação identitária e fortalecimento comunitário.
A força da ancestralidade aparece não apenas nos pratos, mas também na forma como o negócio foi estruturado — em colaboração, valorizando saberes compartilhados e abrindo caminhos para novas gerações.
Apoio e parcerias
A realização da Mímu Cafeteria contou com o apoio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia (SETRE), do Centro Público de Economia Solidária (Cesol Salvador) e da Economia Solidária da Bahia, reforçando o compromisso do poder público e de redes de apoio no fortalecimento do afroempreendedorismo.
Espaço de resistência e celebração
Instalada em um dos principais museus dedicados à cultura afro-brasileira, a cafeteria simboliza mais um passo na luta por reconhecimento e igualdade. Como lembra a ativista Angela Davis: “Numa sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista.”
A Mímu Cafeteria é, portanto, mais do que um espaço gastronômico. É um território de afeto, ancestralidade e resistência, onde cada xícara de café carrega consigo a história de mulheres negras que, unidas, constroem caminhos de empoderamento e de futuro.
📍 Onde: Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira — Rua das Vassouras, 25, Centro, Salvador
🕙 Funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 16h30
